Thâmara Kaoru
Já pensou juntar dinheiro para comprar uma casa, encontrar um imóvel na internet, visitá-lo, fazer uma proposta, pagar à vista e perceber que tudo não passou de um golpe? Foi isso o que aconteceu com um casal que sonhava em comprar uma casa na praia para construir um hostel e perdeu R$ 55 mil e com outra família que também queria morar no litoral e pagou R$ 65 mil a falsos corretores e dono do imóvel.
O UOL conversou com o presidente do CreciSP (Conselho Regional de Corretores e Imóveis), José Augusto Viana Neto, com o vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi-SP, Claudio Hermolin, e com o advogado especialista em direito imobiliário Francisco dos Santos Dias Bloch para listar quais cuidados o consumidor deve ter para evitar cair em golpes como o de falsos corretores. Confira mais abaixo:
Verifique o registro do corretor
Peça o número do Creci do corretor ou o nome completo e pesquise se ele tem o registro profissional ativo. Em São Paulo, a consulta é feita pelo site do CreciSP. Também é possível verificar a situação de imobiliárias.
Se o corretor com quem está negociando não quiser mostrar o registro dele, disser que venceu ou que não tem autorização para mostrar, fique atento. Isso é exercício ilegal da profissão.
Cuidado com os documentos
Golpistas conseguem deixar a documentação parecida com a original. Por isso, o próprio comprador ou um especialista de sua confiança deve ir até o cartório de registro de imóveis da região e pedir uma certidão atualizada da matrícula do imóvel. Esse documento mostra todo o histórico do imóvel, como quem foram os donos, por quais valores o imóvel foi vendido e as datas das negociações.
Não faça nenhum tipo de transação sem ver primeiro a documentação do imóvel.
Contrate um especialista
Por ser uma negociação que envolve muito dinheiro e uma vasta documentação que muitas vezes é difícil de interpretar, a orientação é que o comprador contrate um especialista de confiança como um corretor ou advogado para assessorá-lo. Além de emitir todos os documentos necessários, o especialista poderá analisar se aquele imóvel está envolvido em disputa judicial, dívida bancária ou se há algum outro tipo de impedimento de negociação.
Não tenha pressa
Mesmo que o corretor diga que o imóvel está barato, é o último disponível na região, que há outros compradores negociando, não tenha pressa para fechar o negócio. É preciso ser racional e analisar toda a documentação antes de qualquer pagamento.
Converse com vizinhos
Golpistas podem alugar um imóvel por um determinado período, fazer as fotos e colocá-lo para vender sem que o verdadeiro dono saiba. A recomendação é falar com vizinhos e passar em frente ao imóvel em horários diferentes para verificar se há alguma movimentação suspeita.
Imóvel não é seu com uma assinatura só
Em geral, quando se decide fechar o negócio, é feito um contrato de compra e venda, que formaliza a negociação e determina como será o pagamento, que é negociado entre as partes. Depois, é feita a escritura em um cartório de notas. Isso normalmente é agendado e feito em uma sala reservada, com a presença de um tabelião, que vai avaliar toda a documentação. Não acontece no balcão do cartório, por exemplo, apenas com um reconhecimento de firma. Se essa for a proposta do corretor, não feche o negócio.
Quando a escritura fica pronta, é preciso levá-la até o cartório de registro de imóveis para que seja feita a mudança de dono na matrícula. Só então o imóvel está oficialmente em nome do comprador.
Fonte: UOL, 16 de outubro de 2020