Larissa Coldibeli
O custo de ocupação de pontos comerciais em aeroportos é, em média, de três a quatro vezes maior do que em shopping centers consolidados, afirma Marcos Hirai, sócio-diretor da BG&H, empresa de prospecção de pontos comerciais.
No caso dos aeroportos administrados pela Infraero, o valor do aluguel varia conforme a licitação. Para o aeroporto de Congonhas, o aluguel médio contratado pelas lojas é de R$ 65,7 mil mensais. A Infraero, no entanto, não informou qual a área média dos pontos comerciais.
No Aeroporto Internacional de Fortaleza (CE), uma licitação para a instalação de restaurante em 64 m² aberta neste ano, por exemplo, pede ofertas de aluguel a partir de R$ 22, 9 mil mensais ou 15% sobre o faturamento do negócio, o que for maior. Não há cobrança de taxa de entrada, a maior proposta de remuneração mensal ganha a concessão por cinco anos.
Segundo estudo elaborado pela BG&H, o aluguel médio por metro quadrado nos shoppings da cidade de São Paulo é de R$ 257. Uma loja de 64 m², por exemplo, pagaria R$ 16,4 mil mensais. Nos centros comerciais também é cobrada uma taxa de entrada –conhecida como luva– de, em média, R$ 9.800 por metro quadrado, ou seja, R$ 73,8 mil.
Administrados pela iniciativa privada, os aeroportos de Guarulhos e de Viracopos, em Campinas, não revelaram o custo de locação em seus terminais.
Custos elevados em aeroportos afetam lucratividade
O advogado Mario Cerveira Filho, especialista em direito imobiliário, diz que, em teoria, as licitações públicas igualam as oportunidades para pequenas e grandes empresas. Ele alerta, no entanto, para os elevados custos de ocupação, que devem ser levados em conta antes de participar do pregão.
“Em geral, um negócio demora de um a dois anos para se pagar e começar a dar lucro. Em aeroportos, pode levar mais tempo, já que os custos são maiores. E, depois de cinco anos, o contrato se encerra e é aberta uma nova licitação. A empresa que estava instalada tem que sair, perde suas instalações e ainda tem que arcar com a rescisão dos funcionários. Não é raro ela sair no prejuízo”, diz.
Aeroportos têm fila de espera por ponto comercial
O consórcio que administra o aeroporto de Guarulhos diz que, de novembro de 2012 até o momento, a área comercial ganhou 148 lojas, todas ocupadas. O terminal tem lista de espera para novos negócios, segundo Roberto de Carvalho, gerente comercial do aeroporto. Só no terminal 3, inaugurado em maio, são 108 lojas.
Das 47 lojas da rede de calçados e acessórios It Beach, 27 estão em aeroportos. O diretor-executivo da rede, Frederico Escobar, 31, diz que todas as operações em terminais aeroportuários são rentáveis, o mesmo não acontece com as de shopping centers.
O restaurante Red Lobster, que inaugurou em maio sua primeira unidade no Brasil no aeroporto de Guarulhos, vendeu 95% mais do que o esperado nos primeiros 45 dias, segundo Neil Amereno, 33, diretor de relações com investidores. “No aeroporto, há clientes o tempo todo, não há sobrecarga nos horários de almoço, happy hour e jantar”, afirma.
Fonte: Portal UOL, 22 de julho de 2014