Demanda leva empresas a endurecer na hora de escolher os franqueados

Jiane Carvalho

As consequências da escolha errada de um novo franqueado vão além de eventuais problemas no recebimento dos royalties. A pior delas, no caso do fechamento de uma unidade, são eventuais danos à imagem da rede. Mesmo quando o empreendimento se mantém, uma má gestão prejudica a marca. Para evitar as armadilhas de um franqueado problema, as redes de franquias se cercam de cuidados.

Momentos de desemprego em alta, tendem a elevar a procura por franquias, mas os critérios do franqueador para escolher os melhores candidatos devem se manter. Para o consultor do Sebrae-SP Fabiano Nagamatsu, além de capacidade financeira, o franqueador tem de avaliar a idoneidade do candidato. “Precisa ver se ele tem problemas com dívidas ou mesmo processos trabalhistas, e também se vai depender de cara só daquela atividade para sobreviver”, diz.

Os aspectos mais subjetivos na escolha do candidato também são relevantes, mas variam muito dependendo do tipo de franquia. “Não há regra geral, a não ser a necessidade de uma veia empreendedora”, comenta Daniel Nastri Cerveira, sócio do escritório Cerveira Advogados Associados.

Na tentativa de encontrar o candidato com perfil ideal, as empresas usam diversas ferramentas de avaliação. “O que elas buscam é um candidato com perfil de diretor, cumpridor de diretrizes, avaliando currículo, realizando testes e dinâmicas ao longo do processo”, explica o consultor Marcelo Cherto. Uma das ferramentas usadas é o PI (Predictive Index), que avalia como o candidato vai se comportar em diferentes situações. Na área de franquias do Grupo Cherto, na média, para cada 200 contatos iniciais feitos por candidatos, são agendadas apenas 40 reuniões e no final apenas um contrato é celebrado.

Na avaliação do perfil do candidato entram itens como capacidade de planejamento, de administração e gestão de pessoas, além dos específicos daquele setor. “É bom que ele tenha o máximo de conhecimento, claro, mas se o franqueador se basear apenas nisso terá problemas. O treinamento e o suporte técnico são fundamentais”, comenta Cerveira.

Para reduzir ao máximo a possibilidade de insucesso dos franqueados, algumas redes optam por apertar os critérios de escolha. É o caso da Croasonho, rede de varejo de alimentos criada em 1997 e que desde 2009 atua com franquias. Hoje, são mais de 60 lojas em 12 Estados. “Desde 2013, quando a procura cresceu muito, decidimos tornar mais rigorosos os critérios e ajustar nosso target de franquias, o que foi uma decisão acertada”, explica Luciano Bulla, gerente comercial e de expansão da rede.

Na Croasonho, o processo inclui cadastro virtual detalhado, que afasta “curiosos”, call com o candidato, entrevista pessoal, visita à sede administrativa e só então a negociação do contrato. “Procuramos candidatos que, além de empreendedor, tenham fôlego financeiro para sustentar a operação até o retorno do capital”, diz Bulla. Entre um candidato com conhecimento da área e outro mais pró-ativo, prefere o segundo.

Fonte: Jornal Valor Econômico, 20 de agosto de 2015

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